Publicado em 19 de November de 2009 por Antônio Severino de Aguiar Neto
Heráclito
Heráclito nasceu em Éfeso, cidade da Jônia, de família nobre. Desprezava a plebe. Recusou-se intervir na política. Manifestou desprezo pelos antigos poetas, contra os filósofos de seu tempo e até contra a religião. Heráclito escreveu um livro Sobre a Natureza, ele recebeu o nome de "o obscuro". E é considerado o mais eminente pensador pré-socrático.
O principio universal de Heráclito é que: tudo se move e que nada permanece estático. Panta Rhei, sua "máxima", significa " tudo flui" , tudo se move, exceto o próprio movimento. A designação mais exata que podemos usar é o devir. Ele exemplifica dizendo que, não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, porque ao entrarmos pela segunda vez, não
serão as mesmas águas que lá estarão, e a própria pessoa já será diferente. Mas a doutrina de Heráclito vai além. O devir, a mudança que acontece em todas as coisas, é sempre uma alternância entre os contrários: coisas quentes esfriam e coisas frias esquentam, etc. A realidade acontece então, não em uma das alternativas, que são apenas partes da realidade, e sim mudanças, ou como ele chama, guerra dos opostos. Tal guerra é que permite a harmonia e mesmo a paz, já que assim os contrários passam a existir: a doença faz da saúde algo agradável e bom, ou seja, se não existisse a doença não teria porque valorizar a saúde.
Heráclito como um dos pré-socráticos definiu uma arché, um principio de todas as coisas: o fogo. Para ele "todas as coisas são uma troca de fogo, e o fogo uma troca de todas as coisas", ou seja, todas as coisas se transformam em fogo, e o fogo se transforma em todas as coisas.Para Parmênides o fogo é definitivamente o elemento primordial.
Parmênides
Parmênides de Eléia (530-460 a.C.), deixou suas idéias em um poema Sobre a Natureza. Existem três vias de investigação que Parmênides nos apresenta, as quais são: Caminho da Verdade, Caminho da Opinião e o Caminho da Opinião Plausível. Primeiramente iremos estudar a filosofia de Parmênides de maneira geral, e em seguida, estudaremos separadamente os três caminhos de investigação apresentados por Parmênides.
Parmênides ele afirma que o ser é; e de maneira muito simples ele justifica essa afirmação.Ele diz que "tudo aquilo que alguém pensa e diz é. Não se pode pensar senão pensando aquilo que é. Pensar o nada significa não pensar absolutamente, e o dizer o nada significa não dizer nada. Portanto o nada é impensável e indizível". (REALE, 1990, 51). Parmênides também atribui ao ser algumas características: ele é eterno, imutável, uno incorruptível, incorruptível e indivisível. Parmênides afirma que o ser não pode ser gerado, nem corrompido, pois se ele for gerado, existirá dois seres, o que é impossível para Parmênides pois, ele diz que o ser é, logo não pode ser criado. Ele também afirma que o ser não poder se corruptível, pois se o ser se corromper significa que ele é finito, logo ele morrerá. Com isso o ser terá que nascer , contradizendo assim a afirmação anterior.
Parmênides tem como principio de sua filosofia a ontologia, que é o estudo do ser enquanto ser. A partir do momento que Parmênides deixa de estudar a phýsis, enquanto uma causa de origem, e passa a estudar o ser enquanto ser, ele rompe com os demais pré-socráticos, e passa de cosmologia para a ontologia.
Parmênides também enfrentou um grande problema, os mortais não conseguiram compreender a sua filosofia; não compreenderam que os opostos deveriam ser pensados e incluídos como unidade superior do ser.
O Caminho da Verdade: O ser é
Parmênides indica que na via da verdade, o homem se deixa conduzir apenas pela razão. Nessa primeira via, ele afirma o principio ontológico da identidade. Este princípio pode assumir a formulação: o ser é, e o não ser não é.
Só por meio da razão, é possível desvelar a verdade e a certeza. Através desta afirmação o homem pode evidenciar que: o que é é; e o que é não pode deixar de ser.
Na segunda afirmação, o principio evidenciado é o da imutabilidade. O ser é demonstrado com todo rigor lógico: o que é é, sendo o que é, tem que ser único, "além do que" só existiria, se fosse possível o diferente dele: o que não é. O qual seria absurdo afirmarmos, pois assim estaríamos atribuindo a existência do não-ser.
Parmênides diz que, ao se comprometer com a via da verdade, o homem sábio perceberá que há indícios sobre o que é o ser. O ser é, portanto, alheio a todo devir, está além de toda geração e corrupção, é uno e continuo, indivisível, igual ao todo, não pode ser mais o menos que ele mesmo. O ser é imóvel; o ser é perfeito.
Em Parmênides, o um é o todo, e o todo é um. Se existissem dois todos, um limitaria a abrangência do outro. Como o ser é infinito, ilimitado, só pode ser um.
Historicamente, Parmênides extraiu a noção de unidade das cosmogonias precedentes, tanto mítica quanto filosófica, mas elaborou à sua maneira. Parmênides tirou desses princípios cosmogônicos seu rigor lógico que centraliza na noção de unidade. Diante de tudo, Parmênides optou pela unidade, pelo absoluto, pelo ser, rejeitando tudo que se pudesse se contrapor.
O Caminho da Opinião: Pensar x Perceber
Percebe-se que, para Parmênides não existe ilimitada possibilidade de investigação, há poucos requisitos a se levar em conta que para o conhecimento da verdade. Além desse caminho apenas resta a via da opinião, e a via do engano, da qual ele nos manda afastar o pensamento, pois não se chega à verdade permanente no nível da opinião.
Parmênides foi o primeiro filósofo a afirmar que o mundo percebido por nossos sentidos é um mundo ilusório, de aparências. Ele também foi o primeiro a contrapor a esse mundo mutável. A aparência sensível das coisas da natureza não possui a realidade. Parmênides foi o primeiro a contrapor o ser ao não ser, concluindo que o não-ser não é.
Parmênides afirmava era a diferença entre pensar e perceber. Perceber é ver as aparências. Pensar é contemplar o ser. Assim, multiplicidade, mudança, nascimento e perecimento são aparências, ilusões de sentido.
O poema de Parmênides declara que: ser, pensar e dizer são uma coisa só. Essa é a via da verdade "alethéia". Já a via da opinião não pode ser percorrida, porque não pode ser pensada e nem dita. Parmênides estabelece a identificação entre o que é o ser,o que é o pensar, e o que é o dizer, de modo que, "o que é", é o que pode ser pensado e dito; enquanto que o "que não é", não pode ser pensado e nem dito. O ser pode ser pensado e dito; o não-ser não pode ser pensado e nem dito.
Nesse sentido o pensamento de Parmênides tornou a cosmologia impossível, pois ao afirmar que o pensamento verdadeiro exige uma identidade a não-transformação e a não-contradição. Ele afirma que o ser não muda e não tem o que mudar, porque se mudasse deixaria de ser o que é, tornando-se oposto a si mesmo - o não-ser. Mostrou que o ser é uno e que o pensamento verdadeiro não admite a multiplicidade ou a pluralidade, não admitindo, portanto a cosmologia. Ao abandonar as idéias de multiplicidade, de mudanças, de vir a ser e perecimento, sua filosofia deu uma virada radical, passando da cosmologia à antologia.
Caminho da Opinião Plausível
Este caminho - da opinião plausível - deve dar conta do aspecto positivo, das aparências sem contradizer o principio fundamental, de que o ser e o não-ser não podem ser admitidos juntos. A solução seria a de que o mundo físico o que se apresenta como não-ser nunca é não-ser em absoluto, mas é permeado pelo ser. Segundo Parmênides é possível ter a opinião plausível, porque os opostos do ser e do não-ser no mundo visível podem ser pensados como estando incluídos na unidade do ser -ambos são seres. Vamos tomar como exemplo a luz e a noite; com nenhum dos dois, segundo Parmênides está o nada. O mesmo acontece com a vida e a morte, pois também o cadáver para Parmênides, vive.
Essa tentativa foi feita por Parmênides para salvar os fenômenos. Se luz e noite; vida e morte; são ser, e o ser é idêntico, como considera Parmênides, então elas devem ser idênticas, o mesmo se sucede com todos os opostos. Os fenômenos, assumidos no ser, precisavam ser igualados e imobilizados, como que petrificados pela fixidez do ser. Parmênides salva assim o ser, mas não parece ter tido a mesma sorte no esforço d salvar os fenômenos.
Conclusão
Diante no que nos foi apresentado podemos concluir que, para Heráclito tudo está em constante devir, ou seja, em constante movimento. E em Parmênides, temos a ontologia; o ser é. Parmênides nos diz que o ser é imutável, não pode ser gerado; sendo assim, ele também afirma que não pode existir o vir-a-ser.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia: dos pré-socrático a Aristóteles. Vol. I 2º ed.- São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
Pré-socráticos. Seleção de textos. Trad. José Cavalcante de Souza e outros. São Paulo: Nova Cultura, 2000. - (Col. Os Pensadores)
REALE, Giovanni / ANTISERI, Dario. História da Filosofia: antiguidade e idade media. Vol. I. São Paulo: Paulus, 1990.
LUCE, John Victor. Curso de Filosofia Grega. Trad. Mário da Gama Kury. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,1994.
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