Enviado por luisnassif, sex, 27/08/2010 - 08:24
A Internet incorporou a presença do «troll». Trata-se do sujeito sem expressão que aproveita o espaço para provocações, buscando a evidência pela agressão. Como regra geral, são indivíduos inexpressivos, alguns francamente desequilibrados, com evidente necessidade de auto-promoção.
É o caso de um sujeito chamado Paulo Ghiraldelli, que se apresenta como «o filósofo de São Paulo». Não pretendia perder tempo com ele, mas exorbitou.
Nos últimos dias dedicou-se com um fervor freudiano a ataques e mais ataques contra mim, pelo Twitter, blogs, emails.
Vamos primeiro às acusações, depois às motivações.
Assinei um contrato com a Empresa Brasil de Comunicações (EBC), da TV Brasil, para produzir um programa semanal de uma hora, sobre temas de políticas públicas. As condições estabelecidas foram similares às que eu tinha com a TV Cultura de São Paulo e também com o Canal Rural, do grupo RBS.
A remuneração contempla a apresentação, a criação e as pautas do programa e também uma equipe de jornalistas da Dinheiro Vivo, incumbidos de alimentar o portal de Internet, montando a interação com a televisão.
A TV Brasil obedece a um Conselho composto por integrantes da sociedade civil, sem cor partidária.
Enfim, todas as condições que legitimam o contrato.
A troco de quê esse Ghiraldelli deturpa uma informação e move uma campanha desequilibrada, a ponto de me taxar de «bandido» em um meio de grande circulação como o Twitter? Terá oportunidade de explicar na Justiça, em breve, pois estou movendo ação civel e criminal contra ele.
Mas vamos entender a motivação desse senhor – além da obsessão em conquistar alguma projeção com essa campanha.
Tempos atrás li um artigo dele na página 2 do Estadão. Foi um período de intensa escatalogia da mídia, promovendo autores da mais ampla mediocridade desde que oferecessem aos jornais o produto pedido: crítica destrambelhada contra Lula.
O artigo de Ghiraldelli se destacava pelo baixo nível. Fiquei curioso em saber de quem se tratava. Procurei no Google e fui dar em seu site.
Ali, para minha surpresa, havia páginas em que ele louvava... o Ministro da Educação Fernando Haddad, inclusive aparecendo em várias fotos com ele. No Estadão, uma crítica baixa; no site, uma louvação vergonhosa. Nas fotos com Haddad ou no banner do portal, um narciso deslumbrado com o próprio retrato, como se estivesse mirando no espelho na hora de tirar a foto (confira o tipo na imagem abaixo).
Não foi a única surpresa. Lá, fiquei sabendo de uma polêmica com o jornalista-filósofo Olavo de Carvalho. O ponto central era a compulsão do «filósofo de São Paulo» em mostrar a própria mulher nua. Casou-se com uma moça bem mais nova. Olavo escrevera um artigo espantado com aquele exibicionismo de quem se intitulava filósofo. A resposta do tal Ghiraldelli era a de que quem tinha mulher bonita, tinha mais que mostrá-la.
Havia mais, uma montanha de vídeos com aulas que mais pareciam cursos de auto-ajuda.
Escrevi um post alertando o Estadão para a aberração que promovera a colunista da nobre página 2.
Não sei qual a reação do Estadão. Mas não me lembro de ter lido mais nenhum artigo desse Ghiraldelli no jornal.
Tempos depois, ele se cadastra no Portal Luís Nassif. Estranhei, mas autorizei o cadastramento.
Os demais membros do Portal iam me reportando sua atividade. No início, tentativa de aliciar membros do Portal para sua comunidade. Depois, fotos da esposa nua. Em determinado dia recebo mensagem dele perguntando se já aceitava que mostrasse a mulher pelada. Àquela altura, muitos membros do Portal reclamavam da falta de compostura do tal «filósofo de São Paulo».
Bloqueei seu acesso ao Portal. Logo em seguida cadastrou-se um tal de "Menina Virgem" - codinome da esposa do sujeito. Bloqueada também.
Desde então, periodicamente ensaia ataques através do Twitter.
Peço aos amigos que receberam o email desse tal «filósofo de São Paulo» - parece que se valeu de listas de educadores para espalhar o lixo – que ajudem a espalhar essa resposta.
Clique aqui para ler a relação dos Blogs de Ghirardelli, segundo ele próprio. Entre eles, o "Elas e Elas", onde coloca vídeos pornográficos.
Esse senhor com a mão segurando o rosto, na pose clássica dos "filósofos-ternura" é o tal Ghiraldelli.
Ou então, fotos da esposa, mais pudicas do que as que colocou no Portal da Comunidade do Blog.
Por Rodrigo Correia
Caro Nassif,
Esse Ghiraldelli foi (salvo falha gravíssima de memória, já que isso aconteceu alguns anos atrás..) demitido da UNESP, Câmpus de Marília, onde eu estudava e agora sou professor. Pelo que me lembro, ele se envolveu em uma tremenda briga no departamento de filosofia e violou o site da UNESP, colocando fotos pornográficas visando expor a sua antagonista a situação vexatória. Ou seja, ele perdeu o emprego de professor numa universidade pública por "trollagem" pesada. Ninguém do curso de Filosofia fala abertamente sobre o caso, portanto não posso afirmar com certeza absoluta os detalhes, nem citar nomes de outras pessoas envolvidas, mas te garanto que ele aprontou pra valer por aqui.
Por João Chaves, de Recife
Nassif, essa notícia não me espanta. O tal "filósofo" é figura conhecida nos meios virtuais de filosofia há cerca de 6 ou 7 anos, e vive arrumando confusões com todos. Não respeita os cursos, nem os autores, e afirma que todos os doutores são vendidos à esquerda ou ao governo. Apegou-se a um autor americano interessante de um tema pouco estudado no Brasil (Donald Davidson e o pragmatismo filosófico americano) e posa de grande intelectual, mas não é respeitado em nenhum ambiente acadêmico nem atua em ensino. Seus livros não tem inserção alguma. Para uma comparação adequada, é o Reinaldo Azevedo da filosofia, sem tirar nem por.
No meu último contato com a figura, em 2004, precisei por telefone ameaçar processá-lo para que retirasse meu nome da lista de sócios de um tal "centro de filosofia americana", coisa que nunca fui. Na época, o "filósofo" não tinha projeção na mídia e era "troll" de listas de emails (numa, sobre Deleuze, agrediu um monte de gente sem motivo). Ele morava no interior de SP com a mãe e uma namorada bonita, que ele fazia questão de exibir no site. É do tipo que faz tudo por exposição, uma peça útil à mídia de esgoto. Agradeço a vc em nome de todos os filósofos e curiosos (eu mesmo sou da área jurídica, mas professor de filosofia do direito) que se sentem ultrajados com o destaque dado a essa farsa chamada Ghiraldelli.
Por Marcelo Castro
Quando tinha conta no uol passei a receber posts deste Ghiraldelli, mesmo sem ter solicitado. A principio ele apresentava uma visão original da filosofia e dos filosofos classicos ,defendia uma filosofia pragmatica ,uma filosofia de resultados, passei a acompanhar seu trabalho. Num segundo momento assumiu a posição de formador de opinião sugerindo posições politicas de "vanguarda" e metodos heterodoxos de educação e formação pessoal.Depois veio a fase mais picante quando passou a assumir posições sexuais desconcertantes, a gota d'água veio num artigo onde ele defendia tapas , isso mesmo, palmadas na mulher durante o sexo. Proibi o recebimento de seus posts na minha caixa de mail e nunca mais tive informações da figurinha carimbada. É um caso psiquiatrico a ser estudado com cuidado.
Por Cesar Nunes
Caro Nassif
sou professor da Faculdade de Educação da UNICAMP, na área de Filosofia da Educação. Coordeno o grupo de pesquisas nessa área denominado PAIDEIA. Para meus companheiros e pares, alunos e pesquisadores, docentes e investigadores desse campo temático esse cidadão é uma nulidade. Temos buscado não considerar suas pífias incursões na área. Temos conhecimento de sua biografia de exibicionismo e acinte para com pessoas criteriosas e produtivas. Sua arma é o achincalhe e a exposição falaciosa. Solidarizo-me consigo e recomendo os devidos cuidados jurídicos para reparação pessoal e coletiva. A Filosofia, a criteriosa pesquisa em Educação agradece! Lembro-me da tese de Marx: "O charlatanismo na ciência e a conciliação na política andam sempre de mãos dadas! (...) o intelectual pequeno-burguês faz de suas covardias virtudes universais."
Professor Doutor César Nunes (FE/UNICAMP)
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Dito isto, vamos então à absurda comparação que o "filósofo de São Paulo" fez entre Barbosa e Ney Matogrosso:
Barbosa é Ney Matogrosso, e como é!
Por , iG Rio de Janeiro
Filósofo fala sobre o que o ministro do STF e o ex-integrante do Secos e Molhados despertam no público
A emergência do ministro Barbosa no cenário midiático brasileiro é nos dias de hoje o que foi nos anos setenta o aparecimento de Ney Matogrosso e o Secos e Molhados. Todos olhavam e não sabiam como classificar. Comichava no estômago de alguns um desejo de gritar “viados!”, mas o grito não saía porque o entretenimento agarrava o corpo. Vários estavam prontos para vociferar “pastiche!”, mas as mãos não iam para fazer concha na boca e terminavam aplaudindo ou paralisadas ou em batuque, pois a lírica dúbia deslizava em uma musicalidade cativante. Barbosa gera no público que gira em torno da mídia exatamente essas reações. A única fundamental diferença é, talvez, abdominal: há quem só pode considerar belo e sexy o invólucro do umbigo de Ney, enquanto outros até preferem o ventre barbosiano.
Outro artigo: O mensalão foi o sorriso de Monalisa do STF
Barbosa fala e age como Ney cantava e dançava. Empina o ventre, dobra um pouco os joelhos e anda no palco fazendo uma quase circunferência – e aponta para lobisomens. Gostando ou não, não havia quem não acompanhasse a trajetória de Ney nesse movimento no palco. Apoiando ou não, não há quem fique indiferente ao rodopiar barbosiano. A virtude é a mesma: orgulho. Ney tinha amor pelo que fazia, ainda que fosse uma novidade absurda, porque sabia que fazia bem a ponto de poder orgulhar-se de si mesmo. Jamais abaixou a cabeça. Barbosa não é mesmo de abaixar a cabeça.
Não dou a mínima para os que dizem que Barbosa é isso ou aquilo, de bom ou ruim. Porque Barbosa, como Ney, não tem de ser bom ou ruim, tem de fazer o que tem de ser feito quando o demônio chama alguém para que o mundo saia do tédio e da pasmaceira. Estávamos bem de saco cheio do palco quando Ney apareceu. Ninguém sabia o que de fato fazia o STF quando Barbosa emergiu. Ney colocou um elemento inusitado no palco: pelos, cabelos de barriga no palco. Muitos homens perceberam que eram gays quando admitiram, ainda que só a quatro paredes, que a barriguinha de Ney era sexy. Barbosa tem feito muita gente perceber que o Brasil tem legislação, tem leis, e que vários de nós gostaria de entendê-las, mesmo que a quatro paredes. Em outras palavras: Ney e Barbosa são aqueles personagens que surgem em uma história não somente para darem enredo à narrativa, mas para que possamos nos descobrir.
Tenho ouvido dos jovens frases em tudo parecidas com as dos anos setenta: “nossa, vendo aquela pessoa fazer o que ela faz, eu vi que eu gostaria de fazer aquilo também”. Havia os que queriam fazer o que Ney fazia, mas de modo melhor. Há os que apostam que, caso se dediquem ao que Barbosa se dedicou, podem fazer melhor que ele.
Essas pessoas, como Barbosa e Ney, que abrem caminhos, são personagens típicos da filosofia de Sartre. São os que projetam suas vontades no mundo. Sulcam a terra. Deixam um caminho projetado inédito, que pode então levar outros a dizer: quero ir por esse caminho. E outros, ainda, dizem: quero ir quase por esse caminho.
Ney puniu a música brasileira, que até então não havia se comprometido com o corpo, com a dança, com a melhor sinestesia. Barbosa está punindo a política brasileira, por ela nunca ter se comprometido com o corpo, com a coreografia da democracia e sua melhor sensibilidade.
Antes de Ney a música e a dança se encontravam, mas não se dispunham a um comprometimento. Antes de Barbosa, política e responsabilidade democrática se encontravam, mas não se dispunham a um comprometimento.
A denúncia de Roberto Jefferson, todos sabemos, não foi uma denúncia vazia e descabelada. Ele falou o que falou cara a cara com Zé Dirceu. Foi tudo televisionado. Foi quase uma careação judicial. Jefferson levou a melhor, e todos nós sabemos disso. Que parte do PT – talvez realmente sem qualquer aval do presidente Lula – tentou lidar com a bancada do Congresso de um modo instrumental, ninguém tem dúvida. Só o militante profissional, pago para não pensar ou então com algum fanatismo típico acredita que deputados fisiológicos vinham votando com o governo sem receber alguma coisa. Não importa se isso se fez como crime nos moldes que ficou parecendo. O que importa, ao menos no geral, é que Barbosa, entrando no STF pela indicação de Lula – e isso é fundamental – e sendo quem é, um intelectual negro que não abaixa a cabeça, tenha percebido que sua função no STF é histórica e fundamental. Ele pode errar e, mesmo errando, acertará. Ao exigir que os partidos se responsabilizem pelo modo como fazem política, Barbosa faz exatamente o que se pode admirar nele. Muitos deram glórias ao STF, mas Barbosa vai ficar como aquele que tirou o STF de um anonimato diante dos partidos que não poderia mais estar ocorrendo. Por isso digo que ainda que ele erre, acertará.
Barbosa sabe que vão exigir que ele abaixe a cabeça – já estão exigindo, e às vezes de maneira nojenta. O Brasil ainda é um país em que o branco se vê como sendo da terra, tomando os outros não brancos como forasteiros. Barbosa sabe de onde ele veio. Ney também sabia, e muito bem.
Paulo Ghiraldelli Jr., filósofo, escritor, cartunista e professor da UFRRJ
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